Claudia Leitte, que desembarcou de seu cruzeiro, no Porto de Santos, na quarta-feira (16), escreveu seu diário de bordo com exclusividade para a QUEM. Confira a rotina da cantora no navio, com detalhes de seu dia-a-dia com o filho, Davi, de dois anos. Ela começa cada dia com uma citação de Fernando Pessoa. "Ele destaca meus sentimentos de modo especial. Eu não o faria tão bem ", explicou.
Domingo (13)
"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso"
Eu acho que essa é a minha maior pretensão. Não sei em que lugar vou desaguar, basta-me as preces para que eu e os meus tenhamos saúde suficiente para percorrer nossa jornada. Estar com minha família e com fãs de todos os cantos em alto mar é algo incrível! Hoje eu passei o dia trabalhando, mas essa energia que impera, num lugar onde todos querem estar ao seu lado, torna qualquer excesso de trabalho mais prazeroso.
Recebi a imprensa durante toda tarde na cabine. Entre fotos e longos papos, anoiteceu e eu acabei desistindo de ir ao baile à fantasia (marcado para aquela noite no navio). Como ir ao baile com tantos compromissos no dia seguinte?
segunda-feira (14)
"Quero para mim o espírito desta frase, transformada
A forma para a casar com o que eu sou: Viver não
É necessario; o que é necessario é criar. "
Hoje terminei o roteiro do meu pocket show. Criei uma personagem com algumas histórias minhas e de outras pessoas. A personagem amadurece no decorrer de sua jornada e nunca perde a paixão, o desejo desenfreado de amar e ser amada.
Minha personagem é cativante e positiva, por isso, apesar de interpretar canções como "Cotidiano", de Chico, e "Imitação", de Batatinha, não deixa a peteca cair. Ensaiei uma única vez, com meu diretor, Luciano Pinto.
Estou num ritmo frenético e essa foi nossa única oportunidade de ensaio. Em shows como este, prefiro dar-me ao acaso de sensações. A noite começou linda, céu estrelado. Tudo perfeito. Platéia emotiva, movimentava as mais lindas sensações dentro de mim. O show foi delicioso!
Terça-feira (15)
"Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso
Tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torna-la de toda a humanidade; ainda que para isso
Tenha de a perder como minha."
Eis a minha essência nesses versos. Acordei relativamente cedo. Tomei café às 9h e me aprontei para fazer algumas fotos. Na seqüência, uma bateria de perguntas. Uma coletiva enorme foi organizada por minha assessoria num dos salões do navio. Bate-papo gostoso. "A arte do encontro".
Quase duas horas depois, cheguei ao salão onde me apresentei na noite anterior. Havia muitos fãs. Cem sorteados para estarem mais perto e tirarem fotografias. Os outros estavam no mezanino. Nos divertimos com piadas, histórias exclusivas, músicas antigas e beijinhos.
Depois de mais duas horas de encontro, sorteei 8 cabines e fiz visitas a cada uma delas. Entrei na intimidade dos meus fãs. Eles são a melhor parte de toda essa minha exposição. rs Eles são minha fonte de inspiração, minha alegria e dão sentido a tudo o que faço pela carreira que escolhi.
Adorei o dia, embora tenha almoçado às 18h (rs ). Tirei um cochilo breve e me vesti para desfilar. No mesmo local do show apresentei com exclusividade minhas novas sandálias. Uma coleção exclusiva da Grendha que leva meu nome. Definitivamente não sei desfilar, nunca me imaginei como a Gisele, mas adorei a sensação. Foi tudo muito rápido! Voltei mais veloz que o personagem principal de "Cars", filme preferido de Davi, mudei a maquiagem, comi algo bem leve e vesti o figurino do show.
Que show maravilhoso! Eu acabei a apresentação, que durou mais de 3:30h, encharcada de água e suor. Uma verdadeira micareta. Cantei novos e antigos sucessos meus e de todos os meus colegas do Axé. Certa de que o cansaço- que me impedia de relaxar - era um troféu, deitei pra tentar dormir por voltas das 4:30 da manhã. Eu dei tudo o que podia. Eu sou assim e como sou feliz!
Quarta-feira (16)
"Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho
Na es sência anímica do meu sangue o propósito
Impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
Para a evolução da humanidade..."
Voltei pra casa depois do meio dia. A estrada de Santos foi cenário do show do meu Davi, que cantava em sua cadeirinha no banco de trás, enquanto eu sorria, cansada e satisfeita, segurando uma das mãos do meu marido, que dirigia com a segurança de sempre. Escutamos Lionel Ritchie durante a viagem de volta para São Paulo. "Que estrada linda!" Que vontade de seguir em "trilhos fortes". Sim! "Eu quero muito mais!" Voltei com esta certeza.
Fonte: Revista Quem Acontece
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